Aquecedor, lareira ou ar condicionado? Quisemos saber qual é, afinal, a forma mais económica e sustentável de aquecer a casa e fomos à procura de respostas.

Ainda não estamos propriamente no inverno, mas é nesta altura que, com o frio, começamos já recorrer a tudo o que conseguimos para nos aquecermos e mantermos as casas com uma temperatura acolhedora. Contudo, é também nesta altura do ano que a conta da luz começa a subir já que nem sempre as formas que arranjamos para tornar a casa mais quente são as mais sustentáveis nem as que consomem menos energia.

Aquecedor é melhor do que ar condicionado? E se quisermos optar pela lareira? Qual a melhor? Para responder a estas questões, falámos com duas especialista em arquitetura que explicam como é que se pode aquecer a casa de forma sustentável e mais económica.

Catarina Barreiros, fundadora da loja Do Zero, é vista como uma das grandes referências da sustentabilidade em Portugal. Além disso, formou-se em arquitetura, o que faz dela a pessoa indicada para esclarecer esta questão e nos ajudar a perceber, afinal, como podemos aquecer a casa de forma sustentável.

Catarina começa por explicar que "a pobreza energética em Portugal é uma realidade, mas também é uma realidade que não precisamos de gastar recursos de energia e dinheiro para aquecer as nossas casas se elas estiverem bem construídas ou bem adaptadas."

Assim sendo, é importante percebermos que manter a casa quente é possível com o mínimo de consumo energético. Segundo Catarina Barreiros, há muitas formas de o fazermos antes de recorrer ao gasto de energia. O ponto de partida está nas janelas que devem ser de vidro duplo, preferencialmente de PVC, e devem ainda ser bem calafetadas com silicones.

"Janelas mais antigas como, por exemplo, as de madeira, convém serem substituídas porque são mais permeáveis à passagem da temperatura. Mas de qualquer das formas as janelas que não estejam bem calafetadas, para quem vive em casas alugadas, por exemplo, que não vai ser a própria pessoa a trocar caso o senhorio ainda não o tenha feito, sugiro pôr aqueles rolinhos de espuma nas frechas para evitar passar o frio ou mesmo silicone, se o senhorio autorizar", afirma.

Além disso, os têxteis são importantes no que diz respeito ao aquecimento das casas. "Cortinas são essenciais, tanto no inverno como no verão", diz Catarina Barreiros. "No verão, para não deixar passar demasiado calor e no inverno para não deixar sair a temperatura e manter a casa quente. Tapetes, mantas, tudo o que são têxteis quentes são uma boa ideia. Muitas vezes nós achamos que temos de ter a casa muito aquecida com aquecedores, mas vale sempre a pena vestir mais umas camadas de roupa até por uma questão de poupança de energia", aconselha, realçando o impacto carbónico que a energia tem para o planeta.

Mas, afinal, quais são os equipamentos de aquecimento mais aconselhados?

Se for preciso recorrer a mecanismos de aquecimento que gastem energia, "o mais eficiente que se conhece até à data são os aparelhos de ar condicionado", explica a fundadora da Do Zero, acrescentando que já há algum tempo que na Europa se deixou de utilizar hidrofluorocarboneto para os líquidos de refrigeração e aquecimento dos mesmos (o que tinha um grande impacto carbónico).
Tânia Martins, arquiteta e criadora da Homestories, acrescenta que uma das melhores formas de aquecer a casa de forma sustentável, é apostar numa bomba de calor com ventiloconvectores. Contudo, implica um investimento inicial elevado, mas que, garante a arquiteta, compensa a longo prazo.

"É um investimento que é alto para o início da construção de uma casa, mas o tipo de aquecimento que nos dá é muito mais confortável do que, por exemplo, o ar condicionado", explica.

Apesar de aconselhar esta escolha, para quem tem essa possibilidade, Tânia refere que a outra opção passa, sem dúvida, pelo ar condicionado. "É a solução mais económica a nível de investimento inicial e a nível de essência energética gasta menos e dá para inverno e verão."

O aquecimento a gás ou a eletricidade acaba por ser dos menos sustentáveis, "para além do investimento inicial também ser um bocadinho elevado, depois a fatura mensal é também alta", diz Tânia Martins. Na opinião da arquiteta, uma boa opção de aquecimento central é também a caldeira a pellets. Quanto às lareiras, podem variar entre a lenha ou a pellets.

"Por experiência, a que tenho é a pellets e, apesar de o  investimento inicial também ser um bocadinho mais elevado do que a lenha, permite ser mais eficiente e prática. Não temos de estar a limpar todos os dias, basta despejar um saquinho de pellets, carregar no botão e a lareira acende-se sozinha. O aquecimento em si, ou seja, os graus que atinge, são também muito superiores", o que faz com que consuma menos, explica. Além disso, sugere que esta pode ser também uma ótima opção para as pessoas que não têm espaço em casa para armazenar a lenha. Segundo Tânia, comparando com o ar condicionado, a lareira pode ser mais apropriada em termos de consumo e conforto.

Quanto à construção de raiz da casa, Catarina Barreiros sugere que se deve "construir as paredes de maneira a terem câmaras de ar que ajudem a isolar termicamente as casas", acrescentando que também pode ajudar ter "mantas térmicas que podem ser colocadas no chão, entre pavimentos."

Tudo isto ajuda a que a poluição sonora seja também menor e que, termicamente, a casa fique mais confortável. Como explica, torna-se também difícil aquecer casa com vários pisos já que a área é maior e o ar quente tem tendência a subir.

Por isso, para quem tem casas grandes, Catarina deixa o conselho de fechar as portas que existam entre pisos, já que o calor tem tendência a "fugir para o piso de cima".  "São coisas simples mas que podem fazer a diferença", remata, realçando que a forma como nos vestimos dentro de casa pode e deve também ser adequada à época para evitar que se recorra a outros meios.